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Rio 2016: Quando uma ‘selfie’ uniu as duas Coreias

Invadiu as redes sociais e fez com que Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), a considerasse a “ilustração perfeita do espírito olímpico”. Trata-se da foto das ginastas das duas Coreias.

Uma imagem que podia criar um conflito diplomático numa relação já de si tensa há décadas entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, mas que acabou por se tornar icónica desta edição dos Jogos Olímpicos.

Os dois países continuam em guerra, ainda que vigore um acordo de paz. Pelos vistos só a ginasta Lee Eun-Ju, da Coreia do Sul, desconhecia este ‘pequeno pormenor’. É que a atleta falou agora ao canal de televisão KBS e disse estar “atordoada” com todo este mediatismo e impacto político provocados pela ‘selfie’ que fez com a norte-coreana Hong Un-Jon.

“Eu vi-a e pedi-lhe para tirar uma foto, queria ficar com uma recordação”, afirmou a ginasta. “Não esperava tantas reações, estou atordoada”, continuou.

Hong Un-Jong e  Lee Eun-ju

A tenra idade pode ser uma justificação. A sul-corena Lee Eun-Ju tem 17 anos. Quando tinha nove anos, a ‘rival’ conquistou uma medalha de ouro em Pequim2008.

“Não sei grande coisa de política, mas sei que a nossa relação com a Coreia do Norte é terrível. No fim das provas misturamo-nos com os outros atletas e tiramos fotos, porque é que nós, sul e norte-coreanos não podemos fazer o mesmo?”, indagou.

Não foi a primeira foto com a norte-coreana
E agora? O que pode acontecer à atleta da Coreia do Norte? Em princípio, nada. Quem o garante é o canal britânico BBC. Desde a década de 1980 que a Coreia do Norte admite a “diplomacia desportiva”, até porque os atletas de sucesso são verdadeiras estrelas, com direito a tratamento especial.

E Hong Un-Jon reúne esses requisitos. Prova disso é a fotografia tirada em 2014 durante uma competição internacional com outra ginasta de um país ‘inimigo’: a atual campeã olímpica de ginástica, a norte-americana Simone Biles.

Hong Um-Jong e Simone Biles em 2014

Os últimos relatos de punições duras aos atletas da República Popular Democrática da Coreia remontam há 25 anos. A prisão, a execução ou os campos de trabalho forçado eram o destino.