Consultório

Consultório Aberto

Para dar resposta às várias dúvidas que possam surgir relativamente a cada artigo publicado na rubrica ‘Consultório’ foi criada esta secção. Como o próprio nome indica, o Consultório Aberto pretende ser um espaço em que os leitores possam apresentar as suas questões e onde eu os vou esclarecer.

Esta secção será intercalada com a crónica usual.

Hoje vamos ‘recuar’ até à primeira crónica do Consultório, cujo tema era o ressonar. Depois da leitura do artigo ‘Será que ressono?’, publicado a 10 de Fevereiro de 2016, estas são as questões apresentadas e as suas respetivas respostas:

P. – Porque é que há mais homens do que mulheres a ressonarem?
R. – Não há uma explicação científica. O ressonar é um problema anatómico. Haverá eventualmente mais senhoras a queixarem-se que o marido ressona, do que o contrário. Num casal quem ressona é quem adormece primeiro, porque quem adormece mais tarde é que ouve o outro.

Não sei se estatisticamente há uma confirmação disto mas talvez haverá mais mulheres a dormirem sós do que homens. Há 45% de homens e 35% de mulheres que ressonam. Depende do parceiro com quem se dorme.
Está comprovado que é mediante o tipo anatómico de cada pessoa. Para já não haverá grandes razões para haver mais homens a ressonar do que mulheres.

P. – Há forma de evitar a possibilidade de podermos vir a ressonar?
R. – Não. Se o ressonar depende do tipo anatómico de cada um de nós, como as estruturas que vibram estão na zona da orofaringe [parte da garganta logo atrás da boca], não haverá nada que as pessoas possam por si só fazer para evitar o ressonar.

Depende de alguns hábitos. Por exemplo: se não fumar depois do jantar, se fizer refeições leves ao jantar e se não beber ou beber menos álcool ao jantar, ressonará menos. Mas isto relativamente a alguém que ressona.
Saber se vai ou não ressonar, não haverá nada que o próprio possa fazer para condicionar ou evitar isso.

P. – Considera-se que ressono se o fizer esporadicamente ou durante vários dias seguidos? Qual é o critério?
R. – Se estiver constipado, com o nariz e as vias aéreas obstruídas, poderá ressonar. Quanto melhor for a respiração nasal, menos barulho fará ao ressonar porque irá respirar preferencialmente pelo nariz, ressonando menos ou então mais baixo.

Uma pessoa que não ressone nada pode fazê-lo se estiver bastante constipada, porque as estruturas estão inflamadas, aumentando de volume, e o canal respiratório é mais estreito. Tem menos espaço para o ar passar, logo provoca mais turbulência e faz mais barulho.

O ressonar acontece normalmente numa pessoa mediante o tipo anatómico. Eventualmente podem haver condicionantes que nos fazem ressonar esporadicamente, mas não se considera que ressonem e não precisará de tratamento. Só precisará de tratar a constipação.

P. – Há forma de avaliar a ‘gravidade’ do ressonar?
R. – Qualquer iphone ou smartphone tem programas para estudar o sono e o ressonar. Mede quantitativamente o volume de ressonar. Dá gráficos de percentagens, ao fim de uma semana ou 15 dias, do sono profundo e do volume de ruído de ressonar. Agora, com muita facilidade, pode saber se ressona ou não.

Antes tinham de fazer a polissonografia [estudo do sono que também faz o estudo completo do ressonar]. Agora há três tipos de avaliação:

1- Ficar uma noite numa clínica, em regime de internamento e fazer o estudo completo do sono (utilizado para o estudo da apneia);

2- Levar um aparelho para casa (que já existe em muitas clínicas), que fica ligado à pessoa através de alguns sensores (em quantidade inferior aos que se usam em regime de internamento), e que já dá muitos dados em relação ao sono e ao ressonar;

3- Programas mais simples dos smartphones que só fazem o estudo do ruído. Com a informação sonora já se conseguem obter alguns parâmetros importantes para o estudo do ressonar.

Para a apneia é fundamental o primeiro. Para o ressonar bastam estes dois últimos para avaliar com qualidade o ressonar.

P. – Se os meus pais ou outros familiares ressonarem é mais provável que eu venha a ressonar?
R. – Não necessariamente. Claro que a hereditariedade é sempre um fator importante na constituição anatómica de cada um de nós. A genética estará muito presente nas alterações anatómicas mas não quer dizer que o filho ressone se o pai ressona. É uma componente importante mas não uma relação direta.