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Atriz Marlene Barreto recorda marido quatro meses depois da sua morte

A mulher do realizador Paulo Nuno Frazão, de 34 anos – que perdeu a luta que travava contra o cancro há cerca de sete anos, no dia 27 de dezembro do ano passado – não deixa que a sua memória seja esquecida.

Na página, “Até à Lua”, onde foi relatando as várias fases da doença do marido, a atriz Marlene Barreto Frazão, assinalou os quatro meses da partida daquele que foi o amor da sua vida dedicando-lhe uma mensagem emotiva, na qual fala da saudade que sente e do amor que permanece.

Leia na íntegra:

“‘1,2,3 respira … chora mas respira fundo e continua a pensar nas coisas boas’ . Tem sido este o exercício diário. Não sou fraca por te continuar a amar tanto, não sou desconcertante por te querer “vivo” na minha mente, não sou dramática por sentir tanto a tua ausência.

A força do que sinto faz com que te encontre todos os dias na minha rotina, que veja o teu rosto como se ele estivesse mesmo ali à minha frente que me “zangue” contigo porque não me dizes nada… e assim resolveres aparecer nos meus sonhos e tranquilizares o meu coração.

Estou magoada, sensível, solitária …acho que vai demorar a passar, se é que vai passar algum dia. Perco a esperança. Se vai atenuar, porque é que este sentimento só tende a piorar?

Sinto-me diminuída, pobre e com um vazio enorme por preencher ou, então, com um lugar bem cheio de sentimento (ainda não percebi bem) e não sei o que fazer com ele. Talvez quisesse ser uma outra pessoa qualquer, quisesse estar num outro lugar, viver a vida de um outro alguém… talvez quisesse milhares de vidas e tenho de me contentar com a minha, que agora não te tem. Um paradoxo sentimental que me faz parecer mal agradecida com todas as coisas boas que vivemos juntos… que o Universo, não me entenda mal… mas há dias que é mesmo insuportável. Transformo-me numa criança birrenta que se recusa a aceitar. Que merda!

O dia 27 de qualquer mês será para sempre um dia difícil na minha vida. Há 4 meses atrás, num dia 27 disseste-me Adeus e desde aí a minha vida são fragmentos de momentos. E luto, todos os dias, para me recompor como quem luta para salvar a sua própria vida… porque sinto uma obrigação comigo mesma, com os meus sonhos, contigo e com o nosso amor.

Hoje dói-me o corpo, acordei tarde. Admito estar demasiadamente cansada. Não sei se porque estou numa cidade que não conheço e o tempo urge e há muito que fazer e deixar pronto ou se por simplesmente procurar formas cansativas de gastar energia e cair na cama podre para só acordar no dia seguinte… hoje é um dia triste, todos os dias 27’s o são para mim desde que partiste. Pelo menos em dias como este gostaria de me sentir no direito de estar triste sem que ninguém me peça para não o ficar. Hoje é dia 27, o dia não está bonito….até à lua príncipe.

PS: Há lugares por onde eu passo, que a tua energia grita o meu nome. Vejo-te, vejo-nos juntos. Obrigada.”