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O aguardado adeus de Cavaco Silva

Cavaco Silva encerra hoje o mandato como presidente da República, dando lugar a Marcelo Rebelo de Sousa. Na despedida, vai sair de Belém com a condecoração da Ordem da Liberdade.

Final de mandato intranquilo
Cavaco Silva não teve um final de mandato tranquilo. Foram praticamente dois meses de tensão política após as eleições legislativas, com inúmeras audiências, duas indigitações para primeiro-ministro, um governo a cair no Parlamento, tomadas de posse de dois executivos e um histórico acordo à esquerda.

Temas que marcaram a presidência de Cavaco
Durante dois mandatos, o presidente viu passar três primeiros-ministros por São Bento, enfrentou crises políticas, financeiras e sociais. Frequentemente, as suas palavras tornaram-se alvo de críticas. Estes 10 anos, 3600 dias, ficaram marcados pelo caso das escutas, a relação de Cavaco com Sócrates, a crise nos bancos, alguns vetos polémicos (como o da lei da paridade), a crise do “irrevogável” e as despesas de Cavaco (o presidente queixou-se do valor da sua reforma, numa altura em que todos os portugueses faziam contas à vida, mas as suas declarações acabaram por ser muito criticadas).

Mensagem de agradecimento
Cavaco Silva desejou ao seu sucessor “os maiores sucessos”, reiterando a sua “profunda gratidão” para com todos “sem exceção”, mesmo os que não o apoiaram.

“Sinto (…) o dever de transmitir um agradecimento muito especial a todos os Portugueses. Aos que em mim votaram e aos que não me apoiaram. A todos, sem exceção, estou profundamente grato. De todos guardo boas recordações, por todos tenho um sentimento de profunda gratidão”, afirmou.

Numa mensagem, que foi divulgada no site da Presidência da República, Cavaco Silva desejou ainda ao seu sucessor, Marcelo Rebelo de Sousa, “os maiores sucessos”.

Sublinhando que a mensagem que dirigiu aos portugueses é, sobretudo, “uma mensagem pessoal”, Cavaco Silva reiterou que “foi um privilégio” poder servi-los na chefia do Estado, tal como já antes tinha acontecido quando foi primeiro-ministro, entre 1985 e 1995.

O chefe de Estado voltou ainda a considerar que servir o país na Presidência da República foi uma honra, concedida duas vezes, primeiro em 2006 e depois em 2011: “Durante dez anos, procurei corresponder à confiança que em mim depositaram, agindo com sentido de responsabilidade e independência, trabalhando com rigor, seriedade e determinação na defesa do superior interesse nacional”.

Lembrando os sete “roteiros” que realizou ao longo dos seus dois mandatos, Cavaco Silva disse ter sido “um privilégio” contactar diretamente com milhares de portugueses e percorrer o país nas jornadas que levou a cabo para a inclusão social, a ciência, o património histórico-cultural, a juventude, as comunidades locais inovadoras, a floresta, as pescas e a economia dinâmica.