De chorar por mais

Restaurante Rio Coura

Ao Colo do Rio Coura

Caminha é uma das Vilas mais antigas de Portugal. A sua muralha medieval de origem romana detém 10 torres e 3 portas a últimas das quais – a porta do Sol, mandada edificar por D. Afonso III, o Bolonhês.

A importância dos Rios sempre esteve ligada à relevância que Caminha assumiu até como capital de Condado, no tempo do Grande Império Romano. De facto, era, em especial, pelo Rio Minho, que circulava o importante comércio de metais.

Pois é ali mesmo, junto à ponte do Rio Coura, onde este brinca com o Minho para ambos se abraçarem no Mar, que vive uma também antiga “casa de comer” que na boa tradição minhota é também “casa de ficar”.

Este restaurante/pensão, leva o nome do Rio que o trás ao colo e já ganhou fama e tradição, por estar desde sempre ao cuidado das mãos amoráveis da mesma Família Guerreiro.

Agora que o Natal passou fomos revisitar este Rio Coura e foi com gosto que entramos nas duas salas em pedra, com bonita amesendação e nos sentamos ao pé da lareira que crepitava alegremente no cantar da madeira de azinho.
Assim aconchegados fomos recebidos com a simpatia e atenção de uma verdadeira Casa de Família.

Nas entradas, destaque para um presunto de boa cura que pode acompanhar com o pão de centeio ou a magnífica broa da região. O queijo de cabra, o queijo fresco, um paté de caranguejo com suficiente preceito e, os rissóis, os croquetes, são boas opções que ajudam a preparar o estômago e que são habituais numa boa casa de cozinha regional como esta indiscutivelmente é.

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Nos pratos de peixe reinam o bacalhau e o polvo. O bacalhau à moda do Rio Coura é aquela receita infalível do Minho, com uma fritura assente numa cama de azeite, pimento e cebola e aquela batata frita à rodela que de tão boa, ninguém acredita que nos faça mal! A segunda proposta de bacalhau é feita de um equilíbrio que só vejo nesta casa mas que é muito inteligente, entre a versão do bacalhau na brasa e do bacalhau no forno. O bacalhau vai de facto à brasa, mas para não tisnar, nem secar demasiado, acaba a sua preparação no forno. E é neste arguto equilíbrio das virtudes da brasa e do forno que se faz um prato de grande qualidade palativa.

O bacalhau com broa ou à lagareiro são outras das especialidades da casa. Como o polvo à lagareiro ou em arroz caldoso que, pode também ser, um divino e sápido arroz de gambas.

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Passemos às carnes que aqui são tratadas com a devida deferência. O “magnificat” deste santuário é com certeza o cabrito assado no forno. Com proveniência segura dos ares mais frios da serra da Arga, o cabrito é feito àquela inolvidável moda do Minho. Com idade “mamona”, é posto na pingadeira e vai ao forno de lenha a pingar num arroz de forno que no faz acreditar na Festa da Vida! A batata nova golpeada na sua casca a assar lentamente e a cama de grelos que o alho e o azeite tratam de nobilitar, são os acólitos perfeitos para uma refeição inesquecível.

Como inesquecível é o pernil. Assado no mesmo formato lento e acolitado da mesma superior maneira, o pernil vem ainda acompanhado de feijão, para que nada no nosso estômago nos acuse de termos esperado longos 30 minutos, em prol da genuína confeção de um prato de sonho.

O costeletão, a vitela assada, os lombinhos e o bife grelhado são outras alternativas altivas que se socorrem da mesma cozinha vernácula e tradicional.

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O arroz de cabidela e, no seu tempo, a lampreia e o sável, são propostas que apenas sublinham a urgência de uma peregrinação a este santuário que o Rio Coura ajudou a preservar.

Sobremesas na mesma linha da cozinha regional e tradicional e carta de vinhos justa e abrangente são outras das razões que nos levam a confiar nesta casa de família.

E pronto caro leitor, aqui fica mais uma prescrição que é disto que este espaço trata, de um restaurante que tem o coração do Minho e a alma guerreira que dá o nome à Família que há tantos anos o mantém vivo e acolhedor, para gáudio e conforto de todos nós.

FICHA TÉCNICA
Restaurante Rio Coura
Av. Saraiva de Carvalho 1,
4910-108 Caminha
Tlf.: 258 921 142