Tozé Santos e Sá

Advogado

Importância demasiada!

Um dia destes ainda vou ser entrevistado só por ser heterossexual. Seria um bom tema e algo de inédito ou invulgar. É o meu objetivo de vida! A comunicação social é palco onde pessoas promovem opiniões e, de facto, já começo a sentir-me discriminado por não ter tempo de antena. Olhem que também posso dar uma de coitadinho e contar experiências dramáticas, capaz de se tornar uma boa trama de novela em horário nobre.

Faz-me lembrar aquelas questões que aparecem numa revista do social: Será que ser hetero é doença? Poluem-se-me os sentidos… como me vou exibir e dizer que sou hetero para que todos saibam algo tão importante, tão transcendente e que quero partilhar com o mundo, se ninguém quer saber da minha diferença?

Já sei que não posso bombardear as pessoas apenas com noticias puramente exibicionistas, tipo dizer que o meu filho disse “papá”. E também não tive o dom de adoptar filhos antes de existir a lei para a adopção de crianças por homossexuais.

Na verdade pouco me interessa saber quem é ou não gay, mas para eles andarem a apregoar isso à boca cheia, é porque algum interesse há-de ter, ou algum benefício pode trazer. Egos gigantes a falarem daquilo que toda a gente já sabe…

Vendo bem, para se exercer certas profissões, as mais apetecíveis mediaticamente, parece que é condição sine qua non. Lá se foram as minhas esperanças. Posso sempre fazer como alguns, assim com jeitinho e sem barulho, encostar-me a quem pode ajudar a cumprir sonhos e depois dar a tal entrevista já como herói.

Nunca vi uma entrevista em que o tema fosse a divulgação da heterossexualidade, e queria ser o primeiro! É que já estou farto de, cada vez mais, me sentir mal com a inversão das coisas, em que o hetero é que esta mal e o homo é que esta bem. Pelo menos no início da civilização não terá sido assim, a bem da procriação, e por isso estarmos cá todos.

Quais extremistas dos tempos modernos, querem que o mundo todo seja colonizado com homo. O objectivo não é tomar o mundo mas tomar todos os hétero para a sua causa. Ser hétero é ser antiquado, atrasado, frustrado… Ser homo é ser superior moral e intelectualmente.

Não deveriam as coisas ser vistas com a naturalidade que merecem?

Questões de orientação sexual por serem naturais e sendo de cada um, não deveriam ser noticia. Se são notícia algo esta errado. Por este caminho qualquer dia vamos entrevistar quem? A fazer o quê?

Tenho para mim que estas coisas deveriam ser vistas sem alarde nem alarido, porque já não existem atitudes de desaprovação para haver histórias.

Vou ali dar uma entrevista e tirar um apontamento… Até terça!