Tiago Alves

Estudante universitário

Nos dias que correm a palavra “Refugiado”

Nos dias que correm a palavra “Refugiado” é um tema que predomina nas notícias e nos media internacionais. Mas afinal o que é um refugiado? Um refugiado são todas a pessoas que, em razão de serem perseguidos devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos “problemas”, não podem ou não querem regressar ao mesmo. Ou seja, os seus direitos humanos são violados constantemente, sendo obrigados a deixar o seu país de nacionalidade para procurar refúgio em outro país.

Países como a Síria, Iraque e Líbano sofrem todos do mesmo mal, do mal da guerra e da perseguição inócua e imoral. Nestes territórios a religião divide em vez de unir, o que por si já é uma contradição de todas as religiões. Para mais, a maior parte da população é islamista só que uns defendem a tese Xiita e outros a tese Sunita. Dito desta maneira parece ridículo constatar que há tanta intolerância religiosa, porém em pleno séc. XXI ainda existe este mal que veio para ficar até que as pessoas se respeitarem mutuamente, o que claramente é uma utopia. A nível governativo estes países foram habituados a regimes repressivos e teocêntricos, cheios de ódios ocidentais e israelitas, muitas vezes “justificados” pela história que nos deu a conhecer a colonização e neocolonização e a luta contra os “infiéis” pela morte e terror. Vários regimes autoritários foram derrubados nestes últimos anos, na chamada primavera árabe, sob a égide dos valores democráticos…isto no papel, na prática poucos efeitos houve, pois a guerra, desavença e discórdia permanece nesta zona instável e cheia de interesses e interessados, não tivessem eles o ouro preto.

Crescem de ano para ano os refugiados, vítimas de uma sociedade fundamentalista e contraditória, perseguidas, maltratadas pela vida querem procurar um sítio melhor e a Europa tem sido um sítio apetecível para a fuga. Não é apenas a perspectiva de melhores condições de vida que leva os refugiados e migrantes a escolher a Europa. A zona arábica mais próxima desta zona de conflitos, neste momento, dá menor segurança aos refugiados fruto da não garantia de quem foge da guerra, que vai ser acolhido sem violência e sem o risco de ter que regressar ao seu local de origem. Basicamente, os países árabes sofrem todos do mesmo mal: da intolerância, das guerras e da repressão, tornando-se sedutora a Europa. A Europa, berço da democracia e dos direitos humanos tem tido dificuldade em receber esta vaga de migrantes (a Hungria, por exemplo, é contra a entrada destes refugiados) daí falar-se em crise na migração. Porém, não poderá a Europa aproveitar para rejuvenescer a sua gente? Claramente os europeus sofrem de um mal demográfico, ou melhor dizendo a velha Europa esta realmente velha. Apesar de algumas benesses que os europeus podem tirar deste acontecimento, há alguns medos a pairar nos europeus. Primeiramente o espaço de Schengen esta ameaçado fruto de uma desunião europeia face a este tema, que pode provocar mais mossa numa Europa à procura da sua afirmação. A política externa é um ponto sensível na união europeia que sem consenso vai ter muita dificuldade em traçar um trilho comum e objetivo. Hoje em dia os direitos humanos versus interesses é o pão de cada dia, mas às vezes é preciso que o bom senso leve-nos às decisões corretas. Crianças todos os dias morrem na tentativa de fuga, milhares de outras pessoas morrem em travessias Líbia- Itália, Síria-Ilhas gregas e em muitas mais situações.

Se a Europa se diz a mãe dos direitos humanos, da democracia, do humanismo e do bom senso, tem que ajudar estas pessoas. Porém, não deve deixá-las numa inércia profunda, há que criar condições de enraizamento e aí acho que poderá ser positivo devido aos problemas demográficos. Está na hora da Europa se afirmar externamente, como um bloco único e a uma só voz, para o bem ou para o mal…