Tozé Santos e Sá

Advogado

Dislike!

O Facebook estragou muita coisa e tende a piorar. Quando chegar o já anunciado botão “não gosto“ é que vai ser o bom e o bonito… Que será dos egos mimados desta gente que vive para mostrar o que certamente não tem?

Gente de conceitos torpes, criados ao longo dos últimos anos, que acha normal o aproveitamento pessoal das oportunidades várias que lhes concede a rede social, ilegítimas ou menos legitimas, e o uso da vitimização por morte de um parente, cão ou gato, ou de uma flor de um jardim.

Que será desses que já não vivem sem Facebook quando lhes aparecer os “não gosto”? Bloqueio imediato está garantido, bem como as idas ao psiquiatra e muita (mais) depressão.

Então pode lá haver quem não goste de lentes de contacto coloridas, cor intensa de solarium, fotos em biquíni, costas ao léu, rabos à mostra, poses de beicinho e de cabeça descaída do tipo estou distraída, piercings e tatuagens íntimas, fotos semi nuas ou a mostrar quase tudo como se fosse um convite? Nunca! Isto é tão natural como respirar.

É que a decência e a moral para grande parte da geração facebookiana é diferente. E quem não alinhar não é amigo. Vendem-se emoções, estão abolidas as categorias morais. Talvez o mundo estivesse bem melhor sem esta ameaça à segurança e à privacidade, pelo menos no modo como tem sido gerida por muitos.

A exposição íntima faz parte das suas vidas. Deixaram de saber divertir-se sem uma selfie, trabalhar sem parar para outra. Sinceramente é ridículo, e já não há paciência para tanta auto-promoção.

O Facebook fundamentalmente serve para percebermos que somos todos muito hábeis em esconder sentimentos e por isso todos felizes e amigos uns dos outros. A noção de infração esbate-se a cada dia. Fácil é “postar” uma coisa e afinal ser outra moralmente oposta ou fazer-se passar pelo que se gostaria de ser. “Postam” muito, dizem estar a socializar, mas, na realidade e muitas vezes, estão em casa solitários.

De facto, em tempos em que as preocupações do ponto de vista material superam as de índole pessoal, e por via disso muitos não estão bem consigo e precisam falar com o mundo, nada melhor que um veículo em que sós, chegam ao mundo e o mundo a eles. Antes, existia o “amigo imaginário”…

Tudo não passa de medo de se ficar de fora.

A realidade deixou de o ser e perdem-se as relações humanas, de ver, sentir e estar. Talvez por isso, apesar do sucesso desta rede social lançada em 2004, acredito que seja a pior invenção de sempre do ser humano, porque o desumaniza.

Vou ali, facebookiar e tirar um apontamento… Até terça!