Tiago Alves

Estudante universitário

Quanto vale a sobrevivência?

A marginalização é um fenómeno que hoje em dia afeta cada vez mais os portugueses, devido à situação precária da economia portuguesa. Um indivíduo que tenha insuficiência orçamental entra muitas vezes no mundo da marginalização cultural e social, porque fica sem o acesso à saúde, alimentação, habitação e educação.

A pergunta que se coloca é, quanto vale a sobrevivência?
Pessoas que cresceram no mundo do crime, em bairros de lata, sem grande escolaridade nem capacidade financeira para ir para o ensino superior e almejar algo melhor, gente desprovida de meios financeiros, por vezes sem pai ou mãe, ou com ambos desempregados numa miséria total. Efetivamente, estes casos são de tal maneira nítidos em todo o nosso redor que se torna ridículo o pouco que se faz para combater esta praga. Ou melhor, sem ferir susceptibilidades de quem luta contra a maré, não se faz o suficiente. De facto o mundo do crime é o maior parceiro de quem nada tem e nada pode fazer. Sim, a marginalização não passa só economicamente, socialmente criam-se estereótipos difíceis de se desfazer tendo mais dificuldades estas pessoas de arranjarem emprego, quanto mais empregos estáveis e razoavelmente remunerados. O caminho mais fácil está ao virar da esquina, tenebroso, escuro e caprichoso mas eficaz. Veja-se que numa altura de aperto poucos são os têm discernimento de pensar seja o que for sobre morais e éticas, um ataque à sobrevivência dá ao ser humano o instinto animal de querer a todo custo a sua subsistência. E quem os pode julgar?

Estes filhos das ruas muitas vezes não têm outro remédio, não tem opções imediatas e vivem num contra-relógio constante para por comida na mesa ou pagar os medicamentos ao avô. Precocemente eles chefiam uma família disfuncional, sem grande capacidade de reação, com problemas demasiado complexos para uma vida traiçoeira e pouco proporcional. O mundo do crime tem tanto de aliciante como de horripilante, se a parte financeira mascara a curto prazo os malefícios, após esse período surgem os problemas, quem entra raramente sai e se sair não é para melhor. O efeito assemelha-se a uma bola de neve que num ápice passa a tempestade e mesmo sem necessidade por vezes a ganância traz ao marginal a evasão perfeita da sua vida cheia de insuficiências.

Há quem fale bonito (políticos em geral) e pouco faça e isso não basta. Em pleno século XXI é inadmissível que estes problemas tenham ainda proporções tão grandes, tem que ser feito um trabalho consistente a longo prazo contra a marginalização com medidas de apoio mais claras. É preciso o controlo da exploração do trabalhador que muitas vezes desesperado aceita qualquer coisa…é preciso dizer não à precariedade, não à marginalidade, não aos estereótipos baratos e finalmente abraçar uma lógica de bom senso, justiça e principalmente compreensão que é o falta a estas pessoas, mas atenção, compreensão não é sinónimo de desculpabilização.