Filho de Vítor Mendes, comediante e ator de teatro de revista, Fernando Mendes descobriu cedo que queria seguir as pisadas do pai. Por isso, a estreia nos palcos aconteceu quando tinha 17 anos, “na revista do Parque Mayer ‘A Reviravolta’”, contou o próprio à Move Notícias.
Fernando Mendes lamenta que o progenitor não tenha assistido à sua estreia. “O meu pai infelizmente soube tarde que eu ia ser ator. Estreei-me no teatros seis meses depois de ele morrer, nem nos passava pela cabeça que ele ia morrer. Ele ficou contente, mas ao mesmo tempo preocupado, porque sabia dos riscos da profissão, podia correr bem e podia correr mal, tanto hoje se tem sucesso como amanhã, não há dinheiro para pagar a renda da casa, o que acontece a muitos atores”, revelou.
Confessa que o facto de crescer no mundo do teatro o influenciou na sua escolha. “Fui habituado a ver teatro desde miúdo, tanto eu como os meus irmãos, por acaso só eu é que sou ator, mas desde miúdo que tinha esse sonho. Cheguei a sonhar ser jogador de futebol, jogava na rua e partia os vidros das casas das pessoas, mas depois vi que aquilo cansava muito”, recordou com uma ponta de saudosismo, mas também com o bom humor que o caracteriza.
Porém, quando começou a trabalhar no teatro não desempenhava apenas as funções de ator: “Era contra regra, eu é que tratava dos sapatos que se rompiam… de arranjar o que fosse preciso. Fui mais contratado para trabalhar para isso do que para ser ator”.
A estreia na televisão acabou por acontecer três anos depois no programa “O Foguete”, a convite de António Sala. “Andei a fazer papéis pequenos cerca de 10 anos, andei na aprendizagem. Esse período foi muito importante para perceber que neste mundo não há vedetas. O mundo de amanhã é sempre uma incógnita, é preciso ter os pés bem assentes no chão”, afirmou.
Uma década de “Preço Certo”
Ao longo da carreira sempre se dividiu entre o teatro e a televisão, onde fez várias sitcoms, como “Nós os Ricos” ou “A Minha Sogra é uma Bruxa”. Mas desde 2011, quando entrou em “Os Compadres”, que tem estado afastado da representação no pequeno ecrã. “Não sinto saudades porque tenho sempre o teatro. Como tenho o “Preço Certo” acomodei-me um bocadinho, porque acho que já apareço todos os dias na televisão e depois ainda fazer outra coisa, acho que era demais”, explicou.
Fernando Mendes, de 52 anos, confessa que é no palco que se sente bem, mas admite que a “televisão é importante para se ser conhecido, ajuda muito a trazer as pessoas ir ao teatro e ter as casas cheias”. No entanto, sente-se satisfeito a apresentar o “Preço Certo” e garante que não está cansado do formato, que é líder de audiências: “Não estou cansado de fazer o programa, não gravo todos os dias, tenho tempo livro para fazer peças ou estar parado. Dá-me gozo porque cada dia é um dia diferente. É um desafio também”.
Quando o convidaram para apresentar o programa, em 2003, não estava à espera que ficasse tanto tempo. “Sou ator, não sou apresentador. Na altura, pensei que tinha que fazer aquilo à minha maneira, sem imitar ninguém, e se calhar foi o pensamento mais acertado que tive e acho que resultou. Ali sou muito eu”, acrescentou.
Numa altura em que tanto se especula sobre a sua saída da RTP e convites de outros canais, Fernando Mendes assegura: “Farei o Preço Certo até que a voz me doa. Não faria outro programa que não fosse o ‘Preço Certo’”.
O ator andou pelo país com a peça “Caixa Forte”, que marcou a sua estreia na comédia em teatro: “Foram os meus filhos que me incentivaram a mudar de registo e não estar sempre a fazer teatro revista. Eles gostaram do resultado e acho que ficou bem”. Prova disso, é que a peça esgotou por onde passou.
Agora, Fernando Mendes só pensa em férias. “Dentro de quatro ou cinco meses devo regressar com outra peça, mas agora preciso de algum tempo de descanso, porque andar na estrada desgasta um bocadinho. Vou apanhar sol e logo se vê”, referiu.
Por isso, dentro em breve, estará novamente em palco a fazer, o que faz melhor, entreter e divertir o público.
Fotos: José Gageiro/Arquivo
