Tozé Santos e Sá

Advogado

Moderno!

Por vivermos num mundo em mudança mas cada vez mais igual (culpa da facilidade de mobilidade entre regiões, culturas e países) poluem-se mais rapidamente as mentes, o que torna fácil observar que anda quase tudo a queixar-se, com dores… Nos afetos. A sociedade está tão padronizada que já se podem prever as reações. Cada vez menos comportamentos típicos de homens nas mulheres e a cada vez mais comportamentos típicos de mulher nos homens.

Gosta-se sobretudo de quem dá preocupações, de quem os deixa em sobressalto, de quem se faz difícil, de quem dá pose de importante ou tem atitudes de desprezo. Dizem que assim é que é bonito e é prova de que se gosta, dá pica…

Tudo se perdoa em nome do suposto sentimento, pelos vistos unilateral, o que para muitos parece bastar! Aliás é moda não se responder a mensagens, mesmo depois de vistas, não atender o telefone, mesmo estando do seu lado, mostrar desinteresse. É assim que começam as relações modernas, só é preciso estômago e uma boa dose de “também faço o mesmo”. Uma arte, sem dúvida, aquela de “por a pata por cima” e de ditar as regras de quem manda. Isto apesar dos longos e monocórdicos discursos e comunicados que se postam nas redes sociais em que é tudo “sua santidade” a desejar amor, a pretender um relacionamento… para depois se fazer tudo ao contrário.

A realidade é que anda tudo muito convencido do seu “eu” absoluto e das possibilidades infinitas que a vida tem para dar. Anda tudo sem paciência! Vão uns estragando o mundo da minoria que subsiste, que aguenta desaforos, que aguenta picuinhas e situações que limitam a sua razão. Gente em vias de extinção que sabe ser coerente e que, com naturalidade, vão sendo engolidos pelos que só sabem cuidar de si, só pensam em investir em si e só querem preservar-se.

Já não são deste mundo… Todos querem estar ao lado de pessoas que acrescentam e afastar as que aborrecem, mas isto em online, ao minuto, não é nada consistente. Assim, viramos intolerantes, egocêntricos, egoístas. Sem noção de partilha, uns com medo de perder as migalhas que se lhes oferecem outros a “atirar o milho aos pardais”.

Culpamos tudo, a economia, os políticos, o tempo, a vida, quando a culpa é daquilo em que nos tornamos por sermos aquilo que queremos ser. Talvez por isso já não se façam filmes sobre grandes histórias de amor… São os ditames da igualdade moderna!

Vou ali, apaixonar-me e tirar um apontamento… Até terça!