Cultura

Cinemateca celebra 25 de abril com exibição de filmes censurados

Comédias, melodramas e produções dos Estúdios Disney estão entre os filmes censurados pela ditadura em Portugal, que a Cinemateca exibe por inteiro para assinalar o 25 de abril, num ciclo que também revela os cortes a que foram sujeitos.

No próximo sábado, 25 de abril, numa sessão destinada aos mais pequenos, a Cinemateca Júnior exibe “A Dama e o Vagabundo”, de Clyde Geronimi e Wilfrred Jackson, um “clássico da animação” dos Estúdios Disney, de 1955. Nesta sessão, que se inicia às 10h00, no Palácio Foz, serão apresentados os cortes feitos pela Comissão de Censura, para a estreia do filme em Portugal, a 28 de setembro de 1955.

A partir das 12h00, a Cinemateca Portuguesa, na rua Barata Salgueiro, apresenta “Capitães de Abril”, filme realizado pela atriz, cineasta e cantora portuguesa Maria de Medeiros, na passagem dos 25 anos do 25 de Abril, que retrata as 24 horas que antecederam e acompanham o golpe militar, que pôs fim à ditadura salazarista.

A programação do próximo sábado acompanha o ciclo “Censura: os Cortes e os Filmes”, que a Cinemateca tem em curso, dedicado a alguns dos filmes que foram “vítimas do lápis azul”, durante a ditadura do Estado Novo.

Até ao próximo dia 30, a Cinemateca exibe ainda “Rocco e seus irmãos”, de Luchino Visconti, “Duas horas na vida de uma mulher”, de Agnés Varda, “Nós, mulheres”, de Gianni Franciolini, Roberto Rossellini, Luchino Visconti, Luigi Zampa e Alfredo Guarini, “Um rei em Nova Iorque”, de Charles Chaplin, e ainda “Uma mulher estranha”, de Edgar G. Ulmer.

Em cada sessão, em complemento dos filmes, são apresentados os cortes efetuados pela comissão de censura.

Este ciclo iniciou-se no passado dia 01 de abril e já apresentou filmes como “Pinóquio”, de Ben Sharpsteen e Hamilton Luske, ou “Cem anos de amor”, de Lionello de Felice, também eles visados e censurados durante a ditadura.

Os filmes “refletem alguns dos temas objeto de proibição e alguns dos condicionalismos e particularidades do processo de censura ao cinema”, que determinaram a sua aprovação, mas com cortes, como destaca a Cinemateca em comunicado.

A posição face ao nazismo alemão, em “Esta terra é minha”, de Jean Renoir, estreado em 1943, mas apenas exibido em Portugal dez anos mais tarde, ou ao comunismo, em “Um Rei em Nova Iorque”, de Charles Chaplin, assim como as questões morais presentes em “Um Mulher Estranha” e “Rocco e seus Irmãos”, foram determinantes para os cortes efetuados nestes filmes.

A Cinemateca esclarece que este ciclo não inclui obras “cuja exibição foi proibida até à revolução”, concentrando-se num conjunto de produções estrangeiras que, “tendo estreado antes de abril de 1974”, foram sujeitas “a prévias amputações”.