Tozé Santos e Sá

Advogado

Démodé desesperada!

Depois de mais uma romaria folclórica transformada em circo, que quase ofusca a moda nacional, é impossível não dedicar estas linhas à vontade de aparecer no grande evento de moda no Porto.

Duas vezes por ano acotovelam-se na ânsia e busca de protagonismo mediático. Imagino os orgasmos múltiplos que terão esta semana ao verem-se numa revista. Fotos “on time” anunciam a sua chegada e a permanência infinita. Nada como se anunciar como VIParola. Há que tirar muitas e postar mais…

Sempre bem acompanhadas por garnisés, mordomos, serviçais e amigas de ocasião e de fachada que mudam a cada edição do certame e que daqui a uns dias já nem se falam.

Com isto, o Portugal Fashion, como qualquer evento elitista, exige uma corrida desenfreada e pedinchona de convites, o que já faz parte da paródia, mas, a partir daí, a paródia foi total, ainda mais degradante do que de costume, no que a truques e a feira das vaidades diz respeito.

Porque o protagonismo está em baixa, já muito durou diga-se, ou quem sabe por não ter casa própria, a loira plastificada de sorriso mumificado e pele esticada, abancou-se durante os três dias mostrando a sua boa forma, levantando e sentando, entrando e saindo, um bico-de-obra para quem já ultrapassou a meia-centena de anos. Mas o melhor estava para vir, quando depois de combinado em surdina mandou anunciar, quase em exclusivo, não fossem todos os fotógrafos saberem, que se ia reconciliar com o “ex” mal o desfile de Anabela Baldaque acabasse. Sem vergonha na cara, ele e ela, lá deram um beijinho, segredaram ao ouvido, depois de e-mails e telefonemas de maldizer, proibições de contacto a terceiros… O contrato parece renovado e novos espetáculos se advinham.

Bonita orquestração digna de uma composição clássica! O momento esperado ficou registado, a imprensa estava lá para perceber o amor, a discrição e a espontaneidade daquelas almas. Atores já provaram que o são…Gente que não se grama tudo esquece. De ex-mulher desaparecida e exilada a estridente entrada… Pavoneando-se a dar nas vistas de todas as formas que sabe, acabou por sentar-se ao lado do amigo do ex, seus inimigos.

Mais um glorioso momento para esses seres aberratórios, resultado de meses, semanas, horas de muita imaginação maquiavélica e preparação de poses. Digno de quem não tem vida e nada faz.

A necessidade a isso obriga. Não querem trabalhar como qualquer mortal, preferem viver de presentes oferecidos por serem chamadas de figuras públicas. Quem não sabe e só “come” o que a imprensa mostra, até acredita e pensa que são os maiores. De facto são, os maiores despudorados. Com isto talvez consigam mais uns patrocínios para se aguentarem até à próxima edição. Para enganar mais uns parolos têm de aparecer esta semana, seguramente já telefonaram aos jornalistas para acautelar infortúnios. E que apareçam, senão o sistema nacional de saúde não vai chegar para tantos casos clínicos. Tristes almas que Deus as tenha.

Vou ali, comer amêndoas docinhas e tirar um apontamento… Até terça!