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Coletânea dos poetas que Amália cantou é apresentada em Lisboa

O livro “O Fado da Tua Voz – Amália e os Poetas”, de autoria de Vítor Pavão dos Santos, que colige todos os poemas que a fadista gravou, é apresentado hoje, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

Amália Rodrigues cantou poemas de D. Dinis a Carlos Paião, disse à Lusa Pavão dos Santos, que realçou que, de todos, aquele que mais cantou foi ela própria.

Da autoria de Amália contam-se 55 poemas, longe das cifras de outros poetas como José Galhardo, com 25 entre criações suas, “Fado Amália” e “Conta Errada”, e temas que recriou como “Lisboa Antiga”, uma criação de Hermínia Silva, na revista “Zé dos Pacatos”.

Outros poetas muito cantados por Amália são João Linhares Barbosa, com 21 poemas, entre os quais “Sei Finalmente”, “Zanguei-me com o Meu Amor”, “Não digas mal dele” e “Os Alamares”; Pedro Homem de Mello, com 19, entre os quais “Povo que lavas no rio”; David Mourão-Ferreira, com 14, como “Maria Lisboa”, e mais oito versões, como “Barco Negro”, “Solidão” e “L’Autonne de notre amour”; e Amadeu do Vale, com 14, nomeadamente “Fado do Ciúme”, “Ai, Mouraria”, “Fado Xuxu” e “Fui ao Baile”, uma criação de Maria José Valério.

O autor inclui todos os poemas que Amália gravou, alguns originalmente do repertório de outros artistas. Cite-se “Fado Alcântara”, de José Galhardo, criação de Margarida Amaral, “Lavadeiras de Caneças”, também de L. Galhardo, criação de Beatriz Costa, “Lisboa à noite”, de Fernando Santos, uma criação de Milú na revista, e “Cheira Bem, Cheira a Lisboa”, de César Oliveira, criação, também na revista, de Anita Guerreiro.

De Carlos Paião, além de “Senhor Extraterrestre”, Amália gravou quatro poemas, entre os quais “O Amigo Brasileiro” e “O nosso povo”.

Pavão dos Santos inclui poemas que Amália gravou e que estão inéditos, como os de autoria de Miguel Torga, “Pátria”, Vitorino Nemésio, “Décima de Sílvio e Silvana”, Mário de Sá Carneiro, “Quase”, Mário Martins, “Uma réstia de sol”, Pedro Tamen, “Canção dos Verdes Anos”, e uma criação de Teresa Paula Brito.

Um dos inéditos é “Recado a Lisboa”, de João Villaret. E, quando o apresenta, escreve Pavão dos Santos: “Mais um inédito. Vão quantos?”

Pavão dos Santos sinaliza cinco poemas de autor desconhecido, entre os quais “As facas” e “Minha boca não se atreve”, e os de autores brasilerios Cecília Meireles, que assina quatro, entre os quais “Naufrágio” e ainda David Nasser, Lupício Rodrigues, Cruz e Sousa, Vinicius de Moraes e Dorival Caimmy.

A obra “O Fado da Tua Voz – Amália e os Poetas”, num total de 872 páginas, é apresentada hoje, às 17h00, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

Pavão dos Santos, historiador, biógrafo da fadista, primeiro diretor do Museu do Teatro, referiu-se ao livro como a “obra de uma vida”, que traz à luz poetas que Amália Rodrigues, falecida há 15 anos, cantou e gravou, e que “nem se suspeitava”.

Amalia