Tozé Santos e Sá

Advogado

Descomplicar

Custa-me ver um povo a sofrer de sentimentos. Tenho reparado que anda tudo muito infeliz.

Isto de fotos instantâneas, em biquíni, imenso sorriso ou a fazer beicinho não me diz nada. A leitura tem de ir além do visível e penetrar no íntimo.

Há demasiada gente que não sabe estar sozinha, que acaba uma relação e se mete noutra… Demasiada gente que não quer estar só ou precisa de ganhar a vida. Poucos são os que vivem realmente um complemento saudável. E viver não é andar em festas com álcool e droga.

Chegamos a um ponto em que pouca gente já arrisca uma relação com seriedade e entrega lúcida.

São muitas as contas que se fazem. Ou porque já se penduraram e nos levaram as economias ou porque a crise leva a sobrevivência e concomitantemente à falta de caráter e princípios, ou porque é preciso estar disponível para ir ao castigo e manter o emprego ou garantir a cunha.

Pouca gente já descomplica. Pior, e fenomenal, é que só descomplica e se entrega a quem é doce e meigo, precisamente aqueles que normalmente têm vidas duplas, pretendem dinheiro, ou simplesmente gostam de enganar e prometer o mundo, juras infinitas de amor e companhia. Pessoas doentes.

Procuramos, sem querer avaliar ou ver os sinais que nos são dados, e, por medo, preferimos a ilusão, depois já se sabe…

Assim, o viver de aparências já contagiou as relações, ou não se quer ver, ou só se vê rótulos que outros colocam, por inveja ou maldizer.

Do pior que se pode infligir na vida é a injustiça. O pagar o justo pelo pecador, o condenar alguém por antecipação e sem as devidas análises próprias. É isto que leva a que o crime compense e vençam os criminosos, neste caso as gentes sem caráter, doentes e aproveitadoras.

Depois choram, entram em depressão ou lançam-se de imediato noutra igual!
Vou ali, descomplicar e tirar um apontamento… Até terça!