Saúde & bem-estar

Produtores de tabaco exigem inclusão nos debates da OMS

Produtores africanos de tabaco exigiram hoje participar nos debates preparatórios sobre políticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a indústria tabaqueira, que serão objeto de uma reunião internacional em outubro.

A reunião é a denominada Conferência das Partes da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde — COP6 e vai decorrer entre 13 e 18 de outubro na Rússia.

O presidente da Associação Internacional de Produtores de Tabaco (ITGA, sigla em inglês), François van der Merwe, afirmou que os produtores de tabaco do Zimbabué, do Maláui, da Zâmbia, do Quénia e da África do Sul “estão alarmados” com o facto de as recomendações para o setor, propostas para a próxima conferência sobre o tabaco, “penalizarem os produtores”.

“As pessoas que definem estas políticas estão completamente alheadas da realidade e não conseguem reconhecer o contributo económico positivo da produção de tabaco em África”, disse François van der Merwe, no final de um encontro que decorreu hoje na capital zimbabueana, Harare.

O responsável considerou que o tabaco “é uma cultura de elevado valor comercial e bastante adequada à agricultura de pequena escala, tendo mudado para melhor a vida de muitos agricultores africanos”, pelo que os produtores exigem a sua inclusão nos debates das políticas do setor.

O presidente da Associação de Tabaco do Zimbabué, Gavin Foster, afirmou, no entanto, que boa parte do tabaco produzido em África é exportado, por isso “é natural que os produtores estejam preocupados com as iniciativas no âmbito da Convenção-Quadro para o Controlo do Tabaco, que vão no sentido de alterar a forma como o tabaco é tratado no sistema do comércio internacional”.
“Se forem aprovadas, estas alterações impedirão os países produtores de tabaco, como o Zimbabué, de defender e beneficiar legitimamente dessas exportações”, acrescentou Gavin Foster citado num comunicado da ITGA enviado à “Lusa”.

Mas François van der Merwe acusou a contraparte no debate de “não ter dado a palavra» aos produtores de tabaco para «exprimirem os seus pontos de vista”, nem sequer lhes dar “oportunidade para abordar diretamente as partes que pretendem implementar estas medidas punitivas”.

A última Convenção Quadro para o Controle do Tabaco adotou medidas que os produtores consideram penalizadoras por permitirem o desenvolvimento de alternativas ao cultivo do tabaco, com consequente substituição gradual dessa atividade agrícola.

Outras das decisões da OMS visa à proteção do meio ambiente e à saúde das pessoas envolvidas com o cultivo do tabaco, por a agência da ONU considerar que a atividade agrícola envolve o manuseio de pesticidas e contato direto com a folha do tabaco verde, potenciais fatores de risco à saúde dos agricultores.

“Pedimos aos governos e a órgãos representativos, como as Nações Unidas, que encetem connosco um diálogo construtivo em vez de nos deixarem de fora”, afirmou François van der Merwe no final do encontro.

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