Cultura

“Best of” de Mariza com um tema inédito

Segunda-feira, o “Best of de Mariza” é lançado em duas versões: um CD com 20 temas e um duplo CD que inclui mais um disco, com os 12 temas escolhidos pelo público, através da Internet.

Do CD com 20 temas, “17 são aqueles que, nos concertos, não posso deixar de cantar, eles têm de lá estar senão as pessoas ficam tristes”, disse Mariza à “Lusa”. “É o caso de ‘Cavaleiro Monge’, ‘Meu fado meu’, ‘Rosa Branca’, ‘Ó gente da minha terra’ ou ‘Chuva’, que são aqueles que já estão à espera que os cante”, prosseguiu.

Este CD inclui ainda o inédito “O tempo não para”, e duas versões, designadamente, de Alberto Janes, “É ou não é”, e de Charles Chaplin, “Smile”, do repertório de Nat King Cole.

Sobre o balanço de uma carreira com 13 anos, em que foi distinguida com vários galardões internacionais: “Parece que aconteceu ontem, foi muito intenso e, se não tivesse sido obrigada a parar, continuaria com aquele ritmo louco de 120 a 130 concertos por ano, e nem este CD teria acontecido”.

A artista disse que faz sentido reunir estas músicas e referindo-se ao único tema inédito desta coletânea, “O tempo não para”, a fadista afirmou que “é um pouco uma reflexão de vida”.

“É um tema que me foi oferecido pelo Miguel Gameiro e, quando o ouvi, era a mensagem que me faltava cantar e que neste momento faz todo o sentido. Depois de ter tido o meu filho, percebi que a minha família ficava com os restos do tempo que tinha para dar e, neste momento, quero dar mais tempo à minha família. A música não deixou de ser importante, mas a família está em primeiro lugar”, sublinhou .

Sobre a escolha de “É ou não é”, do repertório de Amália Rodrigues (1920-1999), que desde o primeiro álbum a fadista revisita, Mariza afirmou que “habitualmente cantarolava” o tema e então pensou em gravá-lo, apesar de “não ser fácil de cantar”.

“Eu gosto muito do legado que Amália nos deixou, acho que nos deixou um legado muito inteligente e muito bom, para ser reaproveitado e reinterpretado, e ninguém o cantará como Amália, ela é única, e nem eu tenho essa pretensão. Ela apropriou-se dos temas com a sua voz, mas temos de nos lembrar dos autores e dos compositores que não podem ser esquecidos, e há que reviver esses temas, e sentir esses temas, mas cantados de forma diferente”, referiu.

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Do repertório ‘amaliano’ constam ainda  no CD “Maria Lisboa”, “Primavera”, “Barco Negro”, “Medo” e “Oiça lá, ó Senhor Vinho”. O CD inclui ainda “Menino do bairro negro”, de José Afonso, que Mariza gravou no seu CD de estreia, “Loucura”, “Promete Jura” e “Feira de Castro”, entre outros.

Quanto aos doze escolhidos pelo público, e que constituem um segundo CD da edição especial, Mariza afirmou que a escolha a surpreendeu: “O público optou por temas mais melancólicos e fados tradicionais, como ‘Quando me sinto só’, ‘O silêncio e a guitarra’ ou ‘As meninas dos meus olhos'”.

A fadista não interpreta como um “aviso” para direcionar as suas escolhas no futuro, tanto mais que projeta um novo álbum no próximo ano, e considerou antes que é “um espelho do que se sente hoje em dia na nossa sociedade, e o fado é isso, respira conforme nós respiramos e conforme a sociedade se move, e é o refletir daquilo que as pessoas estão a sentir neste momento”.

Para a fadista, este álbum “veio no momento certo”, tanto mais que “muita gente pensava que tinha parado, que não cantava ou só atuava no estrangeiro”.

Com uma agenda “muito menos pesada”, até porque não tem “disponibilidade mental”, Mariza mantém uma agenda regular de espetáculos, estando previstas atuações em Israel, onde se deslocará pela primeira vez, Espanha, Alemanha, Bulgária e Polónia.

“Dantes andava à procura de mim e só me encontrava a cantar, quando estava em cima do palco ou a gravar. A música não deixou de ser importante — insistiu -, preciso dela para me balançar e para me sentir gente, mas, ao mesmo tempo, preciso do outro lado que é a família”, rematou Mariza.