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Dia Mundial do Consumidor: Classe média afetada pela crise

“Todas as semanas aparecem pessoas sem condições para pagar água, eletricidade ou gás, especialmente nos meios urbanos de Lisboa e Porto”, disse à agência Lusa o responsável da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), acrescentando que “há franjas da classe média cuja pobreza está a aumentar, por desemprego e degradação salarial, especialmente nos meios urbanos de Lisboa e Porto, já são milhares de famílias”.

No Dia Mundial do Consumidor, que se comemora hoje, a associação lembra que 2013 foi “um ano especialmente difícil” por causa do desemprego, cortes salariais e aumento de impostos, que têm empurrado muitas famílias para a pobreza.

Os dados deste ano do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS) da Deco mostram uma redução no número de processos de renegociação de dívidas, porque a falta de rendimentos não permite sequer ao endividado negociar com os credores.

Os mesmos dados mostram que os endividados que recorrem à associação apresentam uma taxa de esforço média de 75%.

No entanto Jorge Morgado contou que a crise também tem um efeito que pode ser benéfico ao consumidor. “A crise trouxe também aprendizagem. Os consumidores fazem agora mais reflexão sobre os seus atos de consumo e têm uma gestão mais criteriosa da sua vida, o que vai ser bom se a crise passar e mantivermos esta racionalidade” explicou.

Jorge Morgado destacou ainda, a “grande disponibilidade” dos portugueses para se mobilizarem em defesa dos seus direitos. A adesão maciça de milhares de consumidores às petições lançadas pela associação foram as maiores que deram entrada no parlamento.

Nas empresas, os tempos de crise produzem comportamentos diversificados, segundo a associação. “Por um lado, as grandes empresas e as que estão voltadas para o futuro percebem que este momento de crise pode ser interessante para conseguir novos clientes. Mas há algumas empresas que aproveitam a crise para entrarem em caminhos de alguma ilegalidade e não cumprir garantias previstas na lei ou atirando para cima do consumidor despesas da sua responsabilidade”, considerou o secretário-geral da Deco à Lusa.