Off the record

Recordações de um ídolo

Aos 15 anos começou a jogar nas camadas juvenis do FC Porto e aos 17 já treinava com a equipa principal dos dragões, consolidando o nome Oliveira como uma das estrelas máximas do desporto nacional. Aos 26 anos já era um futebolista conceituado e cobiçado na Europa.

São histórias deliciosas e intermináveis que conhecemos, mas que são recordadas pelo próprio sem saudosismo. “O sucesso é uma coisa efémera, as pessoas não podem estar amarradas ao passado. Eu, por exemplo, entendo, que quem fica muito agarrado ao passado nem sequer deve ter direito ao futuro, temos que seguir a vida” refere enquanto nos mostra troféus que simbolizam uma vida de glória.

Foi um génio enquanto jogador e como treinador também deixou a sua marca e triunfos, passando a figurar no top 100 da 1ª década do século XXI, segundo a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol. Está na 92ª posição, surgindo ao lado de treinadores como José Mourinho, Alex Ferguson, Vicente Del Bosque ou Fábio Capello. Foi também presidente do FC Penafiel, a sua terra natal, de que tanto se orgulha.

Oliveira só sabe fazer as coisas com paixão e empenho, mas diz que não é “sequer comparável” o prazer de se jogar à bola ao de se ser treinador. “Jogar futebol e ser treinador de futebol é a mesma coisa que comparar um pintor ao galerista que vende a tela. É completamente diferente o estado de espírito, a visão, a vivência, o prazer, ou a felicidade que cada atividade nos proporciona. Ser futebolista é muito mais, incomensuravelmente muito mais…não é comparável. Jogar futebol é uma arte que só está ao alcance de alguns. Treinar, já pode ser uma coisa acessível a todos, é uma questão de estudo, método e liderança”.

Honrou sempre as camisolas dos clubes que representou, mas é um amante confesso do FC do Porto e é com entusiasmo que nos mostra, no meio de tantas recordações, as chuteiras com que jogou nas Antas, na época 1977/78, “com as quais fiz os dois primeiros golos contra o Barreirense, no último jogo, que nos sagrou campeões nacionais depois de o FC Porto ter estado 19 anos, sem ganhar qualquer título”.

Se o futuro de António Oliveira passa pelo futebol? “Essa questão podia ser pertinente, mas a verdade é que nunca saí do futebol. Não penso nessas coisas. Tenho ideia de coisas que quero fazer, mas não são coisas para fazer a longo prazo, acho que isso é um tremendo erro, gasta-se muita energia a pensar naquilo que por vezes nem sequer é verosímil. Gosto de programar coisas que sejam práticas, exequíveis, que me tragam a mim e às pessoas que me são próximas, felicidade”, concluiu António Oliveira, que estará sempre ligado ao desporto rei, atualmente, como comentador desportivo na Bola TV e nas crónicas que escreve às sextas-feiras para o Jornal Record.